Monday, 9 April 2018

On Repeat

When you get older, plainer, saner
When you remember all the danger we came from
Burning like embers, falling, tender
Long before the days of no surrender
Years ago and well you know
Smoke 'em if you got 'em
'Cause it's going down
All I ever wanted was you
I'll never get to heaven
'Cause I don't know how
Let's raise a glass or two
To all the things I've lost on you
Oh oh
Tell me are they lost on you?
Oh oh
Just that you could cut me loose
Oh oh
After everything I've lost on you
Is that lost on you?

LP - Lost On You, lyrics

Thursday, 16 November 2017

Reflexos

"Nenhum ser humano esquece o dia em que o pai morreu. Dizem que é o momento em que nos tornamos adultos e o futuro nos é confiado como a chave de uma mansão de que somos enfim herdeiros. Fingimos que assumimos a vida como senhores do nosso destino, mas a orfandade nada nos oferece a não ser a solidão dos que se descobrem entregues à sua sorte.
Vivi essa tragédia pessoal numa jornada estranha, uma daquelas tardes em que tudo parece suceder ao mesmo tempo, como se Deus jogasse com a nossa desgraça tirando-nos com uma mão o que nos dá com a outra. A vida tem, aliás, destas coisas. Tropeçamos nos anos como se estivéssemos anestesiados, não passamos de sonânbulos a vaguear por um sonho cujos contornos mal discernimos, perdidos num labirinto tecido pelos mistérios que assombram os caminhos abertos diante de nós. De repente, como por encanto, ou talvez graças a um desconcertante passe de ilusionismo, os acontecimentos aceleram e tudo se precipita."


José Rodrigues dos Santos, O Homem de Constantinopla



Wednesday, 4 October 2017

Pt

"Em menos de duas horas, todos os 281 habitantes de Viscos já sabiam que acabava de chegar ao vilarejo um estrangeiro chamado Carlos, nascido na Argentina, que morava na aprazível rua Colômbia, em Buenos Aires. Esta era a vantagem das cidades muito pequenas: não é preciso fazer nenhum esforço para que logo descubram tudo sobre a sua vida pessoal."

Paulo Coelho, O Demónio e a Senhorita Prym 


Wednesday, 20 September 2017

Stockholm I

A nossa visita de 3 dias a Estocolmo foi uma lufada de ar fresco.
Voamos diretamente para Arlanda. Tendo adquirido os bilhetes previamente online, foi só apanhar o Arlanda Express e 20 minutos depois estavamos na Stockholm Centralstation.
A cidade recebeu-nos com céu muito carregado e alguma chuva, por isso resolvemos alugar um locker na estaçao durante um par de horas para a bagagem. Fomos a uma loja Pressbyran comprar os nossos Travelcard e como já tardava decidimos ir almoçar. Apanhamos o metro para Östermalms e saimos em direcçao ao Mercado de Saluhall. Tinha lido excelentes reviews acerca deste restaurante dentro do Mercado, que só serve peixe/marisco, e por isso estava muito curiosa.   


Após um fantástico e reconfortante almoço, fomos explorar um pouco mais o centro da  cidade a pé. Ainda chuviscava quando decidimos ir fazer o Check in ao Hotel e aproveitar para desfrutar da  Happy Hour do Executive Lounge, que incluía uma agradável seleção de pratos típicos e quentes, e que por esse motivo era bastante concorrido.
Como a chuva terminara e o dia estava ainda bastante claro, resolvemos apanhar um Tram até Djurgården, a ilha dos museums Nordiska, Vasa, Skansen, Abba, etc, para apreciarmos o lindo entardecer que entretanto se fazia sentir. De regresso e como nesse fim de semana decorria o Festival Cultural de Estocolmo em Kungsträdgården, fomos assistindo aos diversos concertos e actuações de rua ao longo do "Jardim do Rei". O percurso de regresso ao hotel foi feito através da zona mais antiga,  mas não menos vibrante da cidade, Gamla Stan.



Tuesday, 19 September 2017

Room with a View - Stockholm

View from our Suite @ Hilton Stockholm Slussen


Devaneios

"O poeta é um fingidor.
Finge tao completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente"

Fernando Pessoa

A carruagem estava vazia e por isso escolhi o meu lugar preferido à janela, ligeiramente aquecida e iluminada por uns timidos raios de sol. Aos primeiros solavancos, deixei o pensamento voar solto e inevitavelmente voltei aos acontecimentos dos ultimos 2 meses. Uma vez mais, questionei-me: como foi possivel?! E de repente veio-me à memória os primeiros versos de um poema de Fernando Pessoa .. De tanto criar uma ilusão, de tanto fingir e repetir, acabei sem me dar conta acreditando profundamente numa mentira, enganando-me sobretudo a mim mesma e colocando toda a minha energia e esperança numa causa da qual sabia à partida, ser impossivel sair vencedora. Dizem que a diferença entre ficção e realidade é... que a ficção tem de fazer sentido. E o choque da realidade nao poderia ter sido mais brutal.
Sinto-me a sair de um longo caminho percorrido e a finalmente deixar o torpor dos ultimos meses para trás. Quero delinear um novo percurso, novos objectivos. E novamente perdida em devaneios, dei por mim a recordar as palavras de um outro conhecido poeta português :

"Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
— Sei que não vou por aí."

José Régio