Tuesday, 24 July 2012

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" - O senhor é um perfeito desastre como pessoa, sabia?
  - Vou-me habituando à ideia.
  - Se quiser que eu fique, as regras, aqui, vão ter de mudar.
  - Sou todo ouvidos.
  - Acabou-se o despotismo iluminado. A partir de hoje esta casa é uma democracia.
  - Liberdade, igualdade e fraternidade.
  - Cuidado com isso da fraternidade. Mas acabou-se o quero, posso e mando e as atitudezinhas à Mister Rochester.
  - Como queira, Miss Eyre.
  - E não tenha ilusões, porque não vou casar consigo nem que fique cego.
      Estendi-lhe a mão para selar o nosso pacto. Ela apertou-a, hesitante, e a seguir abraçou-me. Deixei-me envolver pelos seus braços e apoiei o rosto no seu cabelo. O seu contacto era paz e boas-vindas, a luz de vida de uma rapariga de dezasete anos que queria crer fosse semelhante ao abraço que a minha mãe nunca tivera tempo de me dar.
  - Amigos? - murmurei.
  - Até que a morte nos separe."

Carlos Ruiz Zafón, O Jogo do Anjo

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